terça-feira, 6 de dezembro de 2011

PAULO FREIRE NO BRASIL E NO MUNDO

O nordeste de Paulo Freire é o Brasil dos muitos milhões de brasileiros empobrecidos, inclusive de outros Estados, sem direito a uma vida digna, sem acesso à educação, à saúde, à moradia, vivos em uma realidade de sobreviventes. A realidade sofrida evidencia o abandono e comprova que muito ainda há para se fazer para erradicar a fome e a miséria.
Grande parte da contribuição teórica de Paulo Freire resultou de suas experiências no nordeste do Brasil e em outros países da América Latina. Entretanto os diversos trabalhos que Paulo Freire exerceu nos países da África também contribuíram enormemente para enriquecer sua prática e sua teoria pedagógica, levando-o a repensar certos métodos e idéias de primeiro momento de um ponto de vista político-pedagógico.
O envolvimento de Paulo Freire nos movimentos populares do nordeste, à época anterior ao golpe militar, reforçam sua opção pelas camadas menos privilegiadas da população, os chamados oprimidos. Na essência, expressam o desejo de Freire de viver em um país com menos desigualdades, com justiça social, liberdade e democracia. Foi nesse ambiente que ele pôde experimentar seu método na prática e observou ser possível alfabetizar homens e mulheres a partir da sua concepção pedagógica transformadora. A partir da experiência de Angicos/RN, Paulo Freire avança com sua pedagogia pelo Brasil até ser preso após o Golpe Militar.
O exílio representou para ele a possibilidade de outras experimentações, de muitas vivências, de reconhecimento e consolidação de sua concepção e prática pedagógicas.
Bolívia, Chile, Estados Unidos e Suíça forampaíses-casa, territórios e povos que acolheram Paulo Freire e projetaram o educador para todo o mundo. Foi o exílio pedagógico, da produção, do aprendizado e da maturidade.
Atuou na Universidade Católica de Santiago, foi consultor especial da Unesco, trabalhou na formação de adultos camponeses no Chile e depois na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos indo para Genebra, na Suíça, onde integrou o Conselho Mundial das Igrejas, como conselheiro educacional de governos do “terceiro mundo”.
Trabalhou no continente africano, em grandes projetos educacionais, inovando no método de alfabetizar, dialogando e transformando realidades de silêncio em vidas repletas de palavras e atos. “Andarilhou”, por toda a década de 1970, por países de todos os continentes.
Freire foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa. Recebeu numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior. No Brasil, após o exílio, foi professor da Faculdade de Educação da Unicamp e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).
Ao assumir o cargo de Secretário de Educação da cidade de São Paulo, em janeiro de 1989, onde atuou de maneira integral, reformando escolas, estruturando os colegiados, reformulando o currículo escolar, investindo em formação de professores e do pessoal administrativo e técnico, também educadores.
No Brasil e no mundo, Paulo Freire é referência da educação libertária e libertadora, seja na educação popular, o foco principal de sua prática pedagógica, seja na educação em geral. Mas sua influência está além do campo específico da educação. Além de tantos outros campos de saber, Freire está presente em muitos movimentos sociais de caráter progressista, como o Fórum Social Mundial e o Fórum Mundial de Educação.

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